quinta-feira, 27 de março de 2008

Governo Wagner mantém índice de aumento para policiais civis e militares


Deputados integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa não conseguiram arrancar do secretário da Administração do Estado, Manoel Vitório, nem mais um centavo de aumento para policiais civis e militares na reunião que mantiveram no final da tarde desta quarta-feira, 26, numa tentativa de contornar a crise com os sindicatos da área de Segurança Pública. Uma última cartada iria ser jogada na noite desta quarta-feira, 26, pelo deputado Capitão Tadeu (PSB) junto ao secretário das Relações Institucionais do governo, Rui Costa, mas as chances de se viabilizar um aumento acima dos 4,47% já concedido eram praticamente nulas. Nesta quinta-feira, 27, os representantes dos sindicatos dos servidores da Segurança Pública se reúnem no Departamento de Polícia Técnica às 10 horas para analisar os últimos acontecimentos e decidir se cumprem ou não a ameaça de greve lançada para pressionar o governo na última assembléia da categoria na última terça-feira, 25.

O secretário da Administração repetiu aos deputados o que vem declarando já há algum tempo: o governo teria chegado ao limite de suas possibilidades financeiras com o aumento concedido para o funcionalismo este ano. Ele procurou rebater a informação de que os delegados e oficiais da PM vão receber um aumento de 37% ou 38% como vem sendo propagado pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sindipoc). Assegurou que oficiais e delegados receberam aumentos variando entre 17% e 25%, cabendo aos últimos o percentual maior.

Conforme Vitório, entre o ano passado e 2008 as outras categorias da área da Segurança Pública (agentes civis e soldados) teriam auferido um aumento médio de 20%. Acrescentou uma dificuldade suplementar que impediria um aumento maior, a contratação, este ano, de mais 3.200 policiais militares e cerca de mais outros mil em 2009. Além disso, entende que os PMs não podem desconsiderar também o aumento do tíquete-alimentação de R$ 5 para R$ 7, e a ampliação para um maior número de soldados. Atualmente só 12 mil soldados recebem o tíquete. A esse contingente vai se somar mais 13.879 que trabalham no interior. “Não vejo sentido numa greve”, resumiu.

TRAIÇÃO – Apesar do otimismo do secretário, o clima entre os sindicalistas é o pior possível, como pôde ser observado na audiência pública realizada pela manhã na Assembléia Legislativa. Acusações de traição contra o governo Wagner e pesadas críticas à atuação política da atual administração marcaram reunião que discutiu a crise na Segurança gerada pelo impasse no reajuste salarial da categoria. O evento reuniu deputados, sindicalistas e dezenas de policiais militares e civis. O clima de tensão e as acusações de incompetência constituíram-se numa demonstração de que, longe de se resumir a uma insatisfação meramente salarial, a crise aberta na segurança assume cada vez mais um contorno político.


“Trabalhamos para eleger esse governo e hoje estamos recebendo uma punhalada pelas costas. Eles negociaram nos porões com delegados e oficiais e o resultado foi um projeto cruel para nós, trabalhadores”, reclamou o soldado Prisco, diretor jurídico da Associação dos Policiais da Bahia - Aspol, que reúne policiais civis e militares e é dirigida por demitidos das corporações depois da greve das duas polícias em 2001. Alguns deles foram reincorporados à tropa pelo atual governo mediante mandatos judiciais. “Queremos decência da administração Wagner. Esse governo e o secretário da Segurança que estão aí não inspiram confiança”, reiterou o sargento Everton Cerqueira.


Para Crispiniano Daltro, diretor do Sindpoc, o governo da Bahia “está praticando um estelionato com os trabalhadores com este reajuste. Sou filiado ao PT e fiz campanha para Wagner. Não comi sal porque sou hipertenso, mas comi muita poeira em viagens pelo interior em campanha”, reclamou. “Tinha expectativa de sentar com o governo para negociar. Mas vejo que o PT continua com a mesma postura dos governos anteriores”. E voltou a reiterar que pretende se algemar na Praça da Piedade se as negociações não avançarem.

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