Deputados integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa não conseguiram arrancar do secretário da Administração do Estado, Manoel Vitório, nem mais um centavo de aumento para policiais civis e militares na reunião que mantiveram no final da tarde desta quarta-feira, 26, numa tentativa de contornar a crise com os sindicatos da área de Segurança Pública. Uma última cartada iria ser jogada na noite desta quarta-feira, 26, pelo deputado Capitão Tadeu (PSB) junto ao secretário das Relações Institucionais do governo, Rui Costa, mas as chances de se viabilizar um aumento acima dos 4,47% já concedido eram praticamente nulas. Nesta quinta-feira, 27, os representantes dos sindicatos dos servidores da Segurança Pública se reúnem no Departamento de Polícia Técnica às 10 horas para analisar os últimos acontecimentos e decidir se cumprem ou não a ameaça de greve lançada para pressionar o governo na última assembléia da categoria na última terça-feira, 25.
O secretário da Administração repetiu aos deputados o que vem declarando já há algum tempo: o governo teria chegado ao limite de suas possibilidades financeiras com o aumento concedido para o funcionalismo este ano. Ele procurou rebater a informação de que os delegados e oficiais da PM vão receber um aumento de 37% ou 38% como vem sendo propagado pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sindipoc). Assegurou que oficiais e delegados receberam aumentos variando entre 17% e 25%, cabendo aos últimos o percentual maior.
Conforme Vitório, entre o ano passado e 2008 as outras categorias da área da Segurança Pública (agentes civis e soldados) teriam auferido um aumento médio de 20%. Acrescentou uma dificuldade suplementar que impediria um aumento maior, a contratação, este ano, de mais 3.200 policiais militares e cerca de mais outros mil em 2009. Além disso, entende que os PMs não podem desconsiderar também o aumento do tíquete-alimentação de R$ 5 para R$ 7, e a ampliação para um maior número de soldados. Atualmente só 12 mil soldados recebem o tíquete. A esse contingente vai se somar mais 13.879 que trabalham no interior. “Não vejo sentido numa greve”, resumiu.
TRAIÇÃO – Apesar do otimismo do secretário, o clima entre os sindicalistas é o pior possível, como pôde ser observado na audiência pública realizada pela manhã na Assembléia Legislativa. Acusações de traição contra o governo Wagner e pesadas críticas à atuação política da atual administração marcaram reunião que discutiu a crise na Segurança gerada pelo impasse no reajuste salarial da categoria. O evento reuniu deputados, sindicalistas e dezenas de policiais militares e civis. O clima de tensão e as acusações de incompetência constituíram-se numa demonstração de que, longe de se resumir a uma insatisfação meramente salarial, a crise aberta na segurança assume cada vez mais um contorno político.
“Trabalhamos para eleger esse governo e hoje estamos recebendo uma punhalada pelas costas. Eles negociaram nos porões com delegados e oficiais e o resultado foi um projeto cruel para nós, trabalhadores”, reclamou o soldado Prisco, diretor jurídico da Associação dos Policiais da Bahia - Aspol, que reúne policiais civis e militares e é dirigida por demitidos das corporações depois da greve das duas polícias em 2001. Alguns deles foram reincorporados à tropa pelo atual governo mediante mandatos judiciais. “Queremos decência da administração Wagner. Esse governo e o secretário da Segurança que estão aí não inspiram confiança”, reiterou o sargento Everton Cerqueira.
Para Crispiniano Daltro, diretor do Sindpoc, o governo da Bahia “está praticando um estelionato com os trabalhadores com este reajuste. Sou filiado ao PT e fiz campanha para Wagner. Não comi sal porque sou hipertenso, mas comi muita poeira em viagens pelo interior em campanha”, reclamou. “Tinha expectativa de sentar com o governo para negociar. Mas vejo que o PT continua com a mesma postura dos governos anteriores”. E voltou a reiterar que pretende se algemar na Praça da Piedade se as negociações não avançarem.
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